30/03/12

País de sopeiras, reformados e polícias

Parece-me necessária uma releitura de Ballard à luz dos acontecimentos recentes no Chiado. A visão torcionária da história regressou (prometendo ao país um valhacouto liberal) com pés de lã, numa fase preambular, e de bota cardada e negra, pouco tempo depois. Os sinais são claros: a sátira distópica está aí ao virar da esquina do Chiado; em uma manhã de sol, dessas que vêm aí, acordamos todos sem poder falar livremente, votar em consciência ou apoiar o Sporting, o Porto e o Barreirense. Durante a última greve geral, as forças de «autoridade» revivesceram (de forma completamente canina e acrítica) o modus operandi clássico dos governos au(s)to(e)ritários: porrada nos trabalhadores, jornalistas e demais transeuntes. O que nos vale é que os polícias também são «povo»: sofrem, como nós, as agruras deste rectangular vale de lágrimas. O que vale ao governo é que os polícias também são «povo»: possuem, como nós, um QI muito abaixo da média europeia. Triste país de sopeiras, reformados e polícias. 

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